que fazem sentido para mim?
De uma forma geral, quase todas as mulheres procuram um estilo simples, prático, natural e intuitivo com uma pitada de criatividade (vamos também falar sobre isto). É nessa vertente mais criativa que entram as tendências que são vistas como as ferramentas e possibilidades de modernizar a nossa imagem. Agora, como é que se alcança o equilíbrio e, sobretudo, como se constrói o nosso filtro?
o problema do extremismo
As tendências não devem ser diabolizadas. Passámos de um momento em que elas eram tudo, para um outro em que elas são tudo de mau e sinal de falta de conhecimento de estilo.
Um à parte: já repararam como vamos sempre do 8 ao 80 em todas as coisas na moda e na vida. Impressiona-me, confesso. Adiante. A verdade é que as tendências são um elemento que podemos, e devemos, considerar para, não só, respeitar o sentido ciclíco da moda como também trazermos mais de nós em cada construção.
Fica, obviamente, mais fácil ter uma ligação saudável com tendências quando estamos muito cientes do nosso estilo e, por isso, caso não estejas esclarecida sobre o assunto, aconselho-te a mergulhar na descoberta do teu estilo pessoal aqui.
tendências x criatividade
A criatividade pode ter várias leituras e pode ser muitas coisas, de entre elas, pode ser lida através das tendências. Temos esta tendência, passo a redundância, de considerar mais criativa a mulher que incorpora tendências nos seus looks do que aquela que não o faz. Por isso, neste desejo amplo de trazer mais criatividade ao que vestimos, as tendências são uma possibilidade interessante.
Agora, nem sempre é fácil balançar entre o consumismo puro aliado à necessidade de ter sempre novo com o verdadeiro alinhamento entre aquela tendência e o nosso estilo.
Para isso, reúni os três pontos, através de uma filosofia própria criada por mim, que consideo importantes para nos guiar na compra de tendências que façam realmente sentido para nós e para o nosso roupeiro:
valorismo x minimalismo x maximalismo
O minimalismo pauta-se por ter pouco e numa linha simplista. O maximalista pauta-se por ter muito e numa linha excêntrica. O valorismo é uma nova linha de consumo criada por mim que, em última instância, mistura os dois sem querer ser nenhum deles. Quer isto dizer que o Valorismo não se foca em quantidades nem em nenhuma linha própria, apenas considera: utilidade, significado e propósito. Vamos ver cada um deles?
utilidade no valorismo
Ter com utilidade significa que aquela peça, em algum critério, me é funcional. Por norma, gosto de considerar útil uma peça que serve um determinado propósito e que me multiplica (quase) todas as outras.
No que toca a tendências, é exatamente isso: se aquela peça- tendência, ao entrar, potencia as minhas peças já existentes, facilitando-me a vida na construção de diversos e múltiplos lools, e se com ela se torna mais fácil cumprir o propósito da criatividade, por exemplo, então o requisito da utilidade está cumprido e a sua compra é de considerar.
significado no valorismo
Já a questão do significado pressupõe questões mais internas, muito nossas e individuais. Está intimamente ligado à nossa essência e ao que faz de nós, nós mesmas, que depois se traduz nas nossas particulares de estilo.
Se pensarmos, por exemplo, na tendência dos collants vermelhos, o requisito do significado fica além de a ver como uma possibilidade estilosa ou fashionista. Pensem no seguinte cenário: a infância da Joana pautou-se muito pela ausência da mãe e dos poucos momentos onde existe memórias e registos era a hora de vestir. Por muito ausente que a mãe da Joana pudesse ser, a hora de vestir era um momento entre mãe e filha que se pautava muito pela leitura de estilo muito particular desta mãe que, no caso, adorava collants.
São várias fotos que a Joana revisita de si mesma onde está lá ela, de collants, de todas as cores e padrões. Era quase que uma assinatura. Quando esta tendência surge, ativa- se uma memória muito particular da Joana e que, em última instância, lhe fazem revisitar um bom momento.
Comprar aquelas collants vermelhas opacas, para a Joana, não significa apenas trazer mais criatividade aos seus looks ou potenciar as suas possibilidades. Significa um momento único entre mãe e filha que poderá, agora, revisitar além das fotografias.
propósito no valorismo
Agora, se olharmos para o propósito estamos a falar do olhar do outro sobre a nossa construção. Considero sempre que a nossa construção é, passo a redundância, nossa.
No entanto, acho irreal aquelas perspetivas que desconsideram o olhar do outro e vendem aquela ideia do “que se lixe o que os outros pensam”. Todas e todos nos julgamos. É um processo mental, natural e, inclusive, “automático”. Portanto, a impressão que criamos sobre os outros importa e também é ditada pelo contexto.
Se eu quero parecer mais criativa e a peça-tendência em causa ajuda também a que o olhar do outro tenha mais facilmente essa perceção, é muito provável que a minha escolha me pareça mais facilitada na cabeça. Não deve ser o motivo, mas pode ser a confirmação.
para pensarmos juntas
A utilidade, o significado e o propósito são requisitos que podem ser cumpridos na íntegra ou em parte. Se ao equacionar a compra de uma peça-tendência os três requisitos estejam cumpridos, acredito que estamos perante uma tendência de valor no nosso roupeiro. Se apenas um ou dois estiver cumprido, cabe-nos a nós perceber o que tem mais impacto na nossa construção individual e no nosso caminho de viver a arte de vestir quem somos.
Desta forma, não temos menos nem mais peças-tendências –
temos peças-tendência com valor e quanto baste.