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Como vestir o mesmo

sem mesmice?

Quando se ganha mais conhecimento de estilo, passamos todas por uma fase em que, de repente, parece que vestimos muito do mesmo. E, ao contrário do que possam pensar, é perfeitamente normal e expectável. Afinal de contas, descobrimos a fórmula que funciona para nós e apostamos mais nela. Agora, vestir o mesmo não é bem sobre vestir, de facto, o mesmo.

Vamos ver como?

encontrar o estilo, sem perder a graça

Todas as pessoas que passaram por um processo de mentoria comigo sentem alívio pela forma intuitiva com que se vestem, mas aquelas que vem de um histórico de grande consumo e consumo esse ligado a tudo o que era novidade, sentem também que vestem sempre o mesmo.

E, ainda que queiramos todas descobrir uma forma mais intuitiva e funcional de vestir, ninguém quer sentir que perdeu a graça no percurso. Mas será que se perdeu mesmo ou a questão é mais profunda do que isso?

mesmo sem mesmice

ressignificar o novo

Sou pouco de ler, na verdade, luto contra isso. Mas, dos poucos livros que li com gosto foi “A psicologia da moda” e nele fazem-se várias referências que mostram como a nossa forma de pensar e, inclusive, de se relacionar com a moda foi aproveitada e exagerada pela indústria sobre critérios como “o novo”.

A grande maioria das pessoas que sente que veste o mesmo com mesmice, sente-o porque precisa de recriar o seu conceito de novo. Passar de um cenário em que novo advinha sempre de uma compra, coloca o requisito do novo pouco criativo. E é contra essa conceção que as pessoas lutam quando ganham resistência à compra (porque aprendem mais sobre si e ficam, por isso, mais críticas).

É simples: se o novo só existe por meio da compra, mas se eu ganho resistência à compra, como é que o novo aparece? E como é que a sensação de vestir o mesmo com mesmice desaparece?

o que pode ser novo?

O novo precisa de ser reinventado. O novo precisa de ser construído olhando para o próprio roupeiro. O novo pode ser muitas coisas mais do que apenas uma peça acabada de comprar.

O novo pode ser o mesmo look combinado com uma maquilhagem diferente. O novo pode ser o mesmo look combinado com um penteado distinto.

O novo pode ser o mesmo look combinado com um conjunto colorido de acessórios a contrastar com os habituais dourados e prateados.

O novo pode ser o mesmo look combinado com um sapato mais dramático.
O novo pode ser o mesmo look combinado com uma mala recheada de informação de moda. O novo pode ser o mesmo look ou outra combinação distinta das mesmas peças.
O novo pode ser uma camisa do namorado abotoada de uma forma distinta.
O novo pode ser um vestido que resulta da junção de duas camisas.
O novo pode ser um blazer usado como blusa.
O novo pode ser o uso de um batom como sombra.
O novo pode ser um cinto a servir de colar.

mesmo sem mesmice

complica para simplificar

Descobrir o nosso estilo está muito relacionado com a descoberta da fórmula que resulta para nós e isso, no início, pode realmente parecer uma afunilar limitativo de opções. Ainda assim, quando representativa de quem somos, jamais será limitativa.

Porém, fica a salvaguarda: a sensação de limite raramente vem da descoberta do nosso estilo, mas sim da necessidade de reinventar conceitos que estavam agarrados a realidades redutoras e limitantes.

para pensarmos juntas

Para a dissipar, precisamos de ter consciência de que é um caminho e que, como qualquer um, tem momentos mais imediatos que outros. Acredito que ajuda fotografar, para guardar memória, cada reinvenção do novo que se faz pelo caminho.

Entre looks completos a questões mais simples como um penteado, um acessório, um truque de maquilhagem, precisamos de registar para trabalhar a nossa mente no sentido de encarar o novo como sendo outra coisa para lá do que até hoje foi por ela formulado.

O novo pode e deve ser muito mais do que óbvio.

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