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Estilo pelo corpo ou com o corpo da mulher?

É cada vez mais comum que as conversas sobre estilo comecem no corpo. A motivação de esconder a barriga, disfarçar o quadril, aparentar estar mais magra, aparentar ser mais alta, a eterna insatisfação, contribui para que a conversa sobre estilo comece, logo à partida, condicionada pelo corpo. 

Ainda que considere que podemos ter outros diálogos mais pertinentes sobre este assunto, acho igualmente importante salvaguardar já uma coisa: a moda, efetivamente, na prática, não se preocupa com o corpo da mulher. 

E isso é muito claro na escassez de roupa para, por exemplo, mulheres grávidas. A mulher quando engravida, na maioria dos casos, vê-se privada da sua identidade, da sua expressão de estilo porque, pura e simplesmente, as opções não existem e assumem um registo “sem graça”.

Por isso, esta nossa conversa parte deste pressuposto: ver a nossa parte com outros olhos, sabendo que jogamos um jogo, à priori, condicionado.

A complexidade do corpo

Sempre achei esta questão do corpo complexa. Não acredito, mesmo, que para viver a arte de vestir quem somos, para encontrarmos o próprio estilo e termos uma relação mais feliz e leve com moda isso passe, necessariamente, pelo tipo de corpo que temos.

Acredito que o nosso estilo não é condicionado pelo corpo que temos.
Acredito sim que a forma como vestimos as peças que escolhemos vestir, é sim condicionada por ele.

E sei que esta dedução pode parecer confusa de entender, mas talvez fique mais fácil se encararmos o que é estilo e o que é forma de vestir. 

Estilo e a forma de vestir

Estilo é a nossa maneira de vestir, a nossa assinatura, a forma como transpomos através da roupa, a nossa identidade e essência. Já a forma de vestir, está nos detalhes dos caimentos, estruturas, modelos e ajustes que escolhemos acolher dentro dessa identidade.

Na prática, isto quer dizer que se no meu estilo fizerem parte blazers, mas no meu corpo eu gostar de peças mais folgadas, eu irei à partida, optar por um tamanho em que o caimento no corpo fique ou “perfeito” ou “mais largo”.

Não deixo de vestir blazers pelo corpo, mas adapto as minhas escolhas. Faz sentido?

O que importa do corpo

Antes de mergulhar na descoberta do nosso estilo, aconselho sempre a olhar para o nosso corpo de forma holística, sem procurar esconder ou disfarçar isto e aquilo. Na minha perspetiva existem três fatores fundamentais quando falamos de corpo:

  • Alongamento ou a altura aparente (há quem seja alto e pareça baixo e vice-versa)
  • Estrutura muscular (corpo tendencialmente mais ou menos musculado, mais ou menos robusto, mais ou menos arredondado)
  • Estrutura óssea (corpo tendencialmente mais largo ou mais fino, mais ou menos angular)

Para pensarmos juntas

Acredito que o corpo não determina estilo, nem o condiciona na génese da sua construção, mas que joga noutros detalhes como caimento das peças, por exemplo.

Por isso, estou convicta que vivemos o nosso estilo com o nosso corpo e não pelo nosso corpo. Mas, é óbvio que isso ainda implica uma leitura sobre esse corpo – a sua estrutura muscular, a estrutura óssea, quão alongado é, quão encurtado é, quão curvilíneo ou não, quantas energias carrega e tudo mais.

Precisamos de olhar para o nosso corpo com “olhos de ver”, encarando o espaço que ele ocupa, os traços que lhe são mais marcantes, os pontos que gostamos mais e as características que gostamos menos. Mas, antes disso, precisamos de descondicionar aquela parte de nós que teima em encará-lo, logo à partida, como a razão dos defeitos e dificuldades.

Nós vivemos o nosso estilo no nosso corpo e não por ele. Eu acredito nisto, e tu?