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Como descobrir o meu estilo?

fora da ideia dos testes.

Esta é talvez a questão das questões no mundo da moda – todas queremos descobrir a solução para viver a arte de vestir quem somos e todas queremos que essa assinatura de estilo seja reconhecida pelos demais. Mas, temos todas muita pressa e caímos nas armadilhas dos testes rápidos de “descubra o seu estilo” que nos dão um resultado fechado e que, raramente, corresponde à expectativa. Agora, será realmente possível fazê-lo de outra forma?

Os testes prometem, mas não entregam

A ideia é incrível, mas colocada à disponibilidade sem controlo, faz com que muitas pessoas sem informação (podes ser uma delas) caiam na armadilha de fazer caber a sua individualidade dentro daquele resultado e não o contrário.

Qualquer teste de estilo baseia-se numa teoria em específico (e, só aí, importa perceber se é aquela que fala ao teu ouvido e com a qual te identificas na abordagem) e tenta resumir aquilo que podem ser os elementos-chave para um resultado mais fidedigno.

E isso pode obviamente servir uma série de mulheres, mas provavelmente não te serve a ti (e por isso é que estás aqui, muito provavelmente). O perigo destes testes é causarem aquilo que provavelmente provocaram em ti: a sensação de uma solução garantida no tempo que, no fim, se revelou num problema.

Um “teste de estilo” disponibilizado em massa, vai, por norma, focar-se na forma como te vestes ou como te gostavas de vestir, esquecendo-se do mais importante: a razão pela qual essa motivação existe.

como descobrir o meu estilo

É teu, ou é para ser gostada?

E é no ponto da motivação que reside o mais importante sobre a construção do nosso estilo – entender se essa construção vem de nós, de uma vontade interna, ou da procura por uma validação externa.

Isto porque, por norma, a vontade de querer descobrir ou trabalhar o nosso estilo ou até mesmo ceder a fórmulas rápidas de descoberta está muito ligada à procura de se ser gostada. E esta é uma consequência da forma extremamente ligada ao olhar do outro como, até hoje, se trabalhou, falou e pensou moda.

Foi esta abordagem que fez com que a maioria quisesse, por exemplo, “ter um estilo elegante”, porque isso estava associado a uma mulher “high-ticket”, que ganhava mais, que tem uma vida de luxo e que é independente. A vontade de trabalhar o estilo pessoal para um pólo mais elegante era, fim ao cabo, para junto dos outros, serem vistas dessa forma.

A questão é que o norte dessa construção deveria ser sempre a nossa individualidade e não o contrário, fazendo com que a nossa individualidade se reduza ou se adapte às vontades de um coletivo em prol de uma ideia. Pode fazer realmente sentido para umas, e zero sentido para outras.

O autoconhecimento é, no fundo, a única forma de permitir que a nossa construção de estilo seja, realmente, nossa.

Quem sou, antes do que visto

Se pensarmos em quem somos, raramente nos vamos definir como sendo apenas uma coisa. Somos extrovertidas em certos contextos, introvertidas noutros, intensas num momento, extremamente calmas noutros e é desse rodopio de opostos que nasce a nossa personalidade. No entanto, no estilo, procura-se muito a definição clara do que se veste e do que não se veste, querendo que aquilo que se gosta hoje se mantenha, para sempre, e a todo o custo, inalterável.

Se olharmos para os estilos universais, “regra” que nos guiou durante muito tempo nesta temática, a verdade é que gostar de calças de ganga era sinal claro de não se ter outro estilo a não ser o estilo casual. Tudo cabia dentro de umas caixinhas muito específicas. Ainda neste ponto, acredito que já tenhas olhado para fotografias antigas tuas com roupas que amavas e não te imaginavas sem elas na altura e que, agora, sentes que estão completamente áquem dos teus gostos. Seremos sempre as mesmas ou será tudo isto ciclíco?

Se por um lado esta ideia dos sete estilos universais nos ajudou a dar estrutura a um pensamento tão abstrato quanto o da moda, por outro, limitou-nos mais do que deveria.

Descobrir quem somos é o primeiro passo. Com toda a complexidade que isso exige. Quando criei a arte de vestir quem somos, senti que o Human Design era a ferramenta que, em parceria com a moda, mais sentido fazia na procura de traduzir quem aquela pessoa é de verdade. Se não conheces, aconselho-te a estar atenta ao meu trabalho.

Só com um conhecimento claro de quem somos, do que nos é inevitável, próprio e natural é que saberemos, de facto, construir e ser intencionais, numa estrutura que nos represente, até no momento em que escolhemos o que vestir.

como descobrir o meu estilo

O passo a passo que eu proponho

Numa “ordem de trabalhos” menos óbvia que a maioria dos “passo-a-passo” que encontras para a resposta “como descobrir o teu estilo”, proponho uma outra forma de abordares a moda e o que ela envolve. Exige mais de ti, mas do maior nível de exigência resulta também uma garantia – o resultado é teu e a tua relação com a moda é mais feliz, livre e saudável.

  1. Descobre quem és – a ideia é que realmente mergulhes na camada mais profunda, antes de quereres preencher a camada superficial. Dá trabalho, mas é uma garantia futura. Aconselho-te a ler sobre o teu mapa de Human Design. Tens imensas possibilidades gratuitas e online de obter o teu mapa e depois é estudar sobre cada ponto teu. Aconselho-te também a criar o que eu gosto de chamar de telas expressivas: moodboards do passado, do presente e do futuro que te traduzem visualmente, colocando tudo o que te representa e identifica em cada uma dessas fases. A ideia, depois disso, é identificar padrões que te façam ver para lá do óbvio.
  2. Veste quem és – não na ideia de realmente colocares a mão na massa, mas de pensares mais sobre como é que isso pode acontecer. No caso, eu trabalho com a Teoria das Essências de Estilo aliadas ao mapa de Human Design. Também aqui a ideia é não cair em estereótipos. Ao descobrires a tua essência de estilo podes, facilmente com o autoconhecimento do primeiro ponto, começar a descobrir as tuas próprias particularidades.
  3. Parece quem és – na prática, materializa isto através das tuas escolhas. Repara (de uma forma bem geral): se és uma pessoa que adora a liberdade, que é despachada, muito prática e de poucos rodeios, talvez não pareças quem és quando optas por roupas demasiado rígidas, com cortes muito direitos e justos ao corpo e de cores muito suaves. É aqui, no dia-a-dia, que tens de ser intencional nas tuas escolhas.

Se te parecer muito difícil (que é, não vou mentir), junta-te a mim e descobre um pouco mais sobre como se vive a arte de vestir quem és.

Porque, para te ser honesta: se te perguntas como descobrir o teu estilo, talvez a verdadeira pergunta seja mais sobre descobrir quem és.

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